segunda-feira, 6 de maio de 2013

Beata Nhá Chica


De conselheira a bem-aventurada  


A partir de hoje, os devotos podem chamar a mineira do Campo das Vertentes de bem-aventurada Nhá Chica ou Beata Nhá Chica. Mas até atingir este ponto, há uma trajetória de fé, humildade e amor ao próximo. Francisca de Paula de Jesus era bem menina quando chegou a Baependi na companhia da mãe Isabel, uma ex- escrava, e do irmão Teotônio. Com eles, poucos pertences e a imagem de Nossa Senhora da Conceição. Não demorou muito e Francisca, então com 10 anos, ficou órfã, contando apenas com o irmão, de 12. Antes de partir, a mãe deixara os filhos aos cuidados e sob proteção de Nossa Senhora, a quem a menina chamava de “minha sinhá” e não fazia nada sem consultá-la.

Nhá Chica cuidou da herança espiritual que recebera da mãe. Nunca se casou e rejeitou todas as propostas de matrimônio que lhe apareceram, dedicando-se de corpo e  alma a Deus. O seu objetivo era atender, sem discriminação, a quem a procurava, dando-se bem com os pobres, ricos e mais necessitados. Nos lábios, tinha sempre uma palavra de conforto. Desde muito jovem, era procurada para dar conselhos, fazer orações e dar sugestões para pessoas que lidavam com negócios. Contam que muitas pessoas não tomavam decisões antes de consultá-la e, para quem a considerava santa, respondia com tranquilidade: “É porque rezo com fé”.

A fama de santidade se espalhou de tal modo que pessoas de muito longe começaram a visitar Baependi para conhecê-la, conversar com ela, falar de suas dores e necessidades e, sobretudo, pedir orações. A todos, atendia com a mesma paciência e dedicação, mas nas sextas-feiras não atendia a ninguém. Era o dia em que lavava as próprias roupas e se dedicava mais à oração e à penitência, alegando que sexta-feira é quando se recorda “a Paixão e a Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo para a salvação de todos”. Às 15h, intensificava as orações e mantinha uma particular veneração à Virgem da Conceição, com a qual tratava familiarmente como a uma amiga. 

Ao lado de sua casa, construiu a capelinha onde venerava uma pequena imagem de Nossa Senhora da Conceição, que pertencera à mãe. Nhá Chica morreu em 14 de junho de 1895, com 87 anos, mas foi sepultada somente no dia 18, no interior da capela por ela construída. As pessoas que ali estiveram sentiram exalar de seu corpo um misterioso perfume de rosas durante os quatro dias do velório.

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